sábado, 11 de maio de 2013

MULHER – MÃE

mae-e-filho

( A partir de um poema de Maria do Rosário Pedreira, in “Jornal de Letras”, 17/30 de Abril)

“Ai, se o menino soubesse que

era ainda nele e nas suas brincadeiras que

pensava quando agachada ali, diante de um

estranho, abria a boca e fechava os olhos.”

Criaste dentro de ti o Futuro

Chamas-lhe o meu menino

E nos teus olhos cintilam mil alegrias

Quando falas do teu menino.

Mas hoje o teu olhar é tenso e duro

A alegria emigrou para parte incerta

O teu menino é tudo e apenas o que te importa

Nada mais conta em nada mais crês.

Vais em frente alheia aos dedos acusadores

Os olhares que te excluem nada te dizem

Exiges-te cumprir o teu compromisso com o Futuro

A nada a ninguém mais respondes.

Mas à noite sozinha

Choras lágrimas violentas

Calas revoltas infinitas

Sentes-te no mais abjecto dos abismos.

NÃO, Mulher-Mãe, não chores

Ergue-te! De pé humilharás

Aqueles que, indignos, te usam o corpo

Aqueles que, criminosos, te roubaram a esperança.

NÃO, Mulher-Mãe, não chores

A tua luta é a luta de milénios

Contra quem te quer domesticada

Contra quem te quer simples coisa.

NÃO, Mulher-Mãe, não chores

Diz-te Mulher e Estás Vertical e Inteira

Diz-te Mulher e És Livre e Solidária

Diz-te Mãe e é teu o Futuro!

Eu, Mulher-Mãe, sinto-me pequenino

Diante da Coragem com que cumpres o teu compromisso

Diante da Firmeza com que trocas o teu terrível presente

Pela defesa da Dignidade do teu menino.

Eu, Mulher-Mãe, sinto-me pequenino

E rendo-me incondicionalmente me rendo

À Nobreza sem mácula da tua Humanidade!

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