domingo, 23 de junho de 2013

A Política da Idiotia como Ideologia Política Ou uma Nova Receita para um Genocídio


Ah! Povo, Povo, como te atreves a incomodar-nos?
Tens novecentos anos de vida, Povo!
Não é já tempo de deixares a Idade dos Porquês?
Repara, Povo, na pesada quantidade de Porquês?
Com que feres os nossos delicados tímpanos:
"Dizes, governante, que a crise é uma emergência nacional.
Mas sou eu, Povo, a suportá-la sozinho! Porquê?"
"Gritas, governante, que devemos curvar-nos à amoralidade dos mercados.
Mas sou só eu, Povo, que tenho que me comportar bem! Porquê?"
"Exclamas, governante, que a hora é de unirmos esforços.
Mas sou só eu, Povo, que sinto eu mim as divisões que tu impões! Porquê?"
"Exaltas, governante, os compromissos que são para cumprir.
Mas sou só eu, Povo, que vejo rasgares todos os teus compromissos para comigo! Porquê?"
"Ameaças, governante, fazer leis para que os teus desígnios sejam obrigatórios.
Mas sou só eu, Povo, que cumpro todas as leis existentes! Porquê?"
"Invectivas, governante, que estamos a caminhar para um futuro melhor.
Mas sou só eu, Povo, que todos os dias sou empurrado para o pior do passado! Porquê?"
"Reclamas, governante, a urgência do conhecimento e da qualificação.
Mas sou só eu, Povo, que, sabedor, sou mandado emigrar! Porquê?"
"Insistes, governante, que todos somos iguais.
Mas sou só eu, Povo, que, velho, sou apontado como um peso descartável! Porquê?"
"Tantos porquês! Não respondo!", vocifera o Supremo Líder
Fechando soturnamente o fácies cavernoso.
"Corte-se, corte-se tudo, já, custe o que custar!", explode com veemência o Primeiro governante.
"Calma!", proclama o bipolar Segundo (ou Terceiro...) governante
Lembrando que "os amigos gostam pouco de sangue" pelo incómodo nefasto que provoca na acção do Terceiro (ou Segundo...) governante
E que "os inimigos ainda menos" alerta com receio de mais e mais Porquês
"Uma autêntica tragédia para o nosso governo", sentencia.
"Chamemos o educacional colega, terá alguma proverbial solução."
"E tenho!" gesticula impante o educacional colega.
"Decrete-se, com força de lei e se necessário mais força que lei:
Não há quês nem porquês nas Escolas! E assim "custe o que custar"
O Povo ficará
Docilmente acrítico acéfalo anómalo
Domesticado
E sem Porquês!"
Serve-se em uma nova Constituição
"Artigo Único - O governo elege o povo.

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