domingo, 14 de junho de 2015

2 de Maio de 2015 – O 25 de Abril no Clube Estefânia

 
Mapa_Clube_Estefania
 
 
No passado dia 2 de Maio a ACR marcou presença nas comemorações do 41º aniversário do 25 de Abril. Fez-se representar pelo sócio Almeida Moura que proferiu uma intervenção alusiva à efeméride que se comemorava
Senhor Presidente do Clube Estefânia
Minhas Senhoras, Senhores
Em nome da Associação Conquistas da Revolução agradeço o convite, que nos honra, para comemorar convosco o 25 de Abril de 1974.
Em meu nome expresso também o meu Obrigado. Para além de me sentir duplamente honrado – por estar convosco, por representar a ACR – é um privilégio estar aqui.
As palavras que Vos dirijo são da minha inteira responsabilidade. Têm a ver com o que vivi há 41 anos, com o que vivi durante estes 41 anos, com o modo como sinto este Presente. Mas têm, sobretudo, a ver com o Futuro: os anseios, as expectativas, os sonhos, as esperanças, os afectos, também os medos, os fantasmas, os mitos, as contradições, tudo o que nos faz Seres Humanos, individual e colectivamente.
Para poder olhar para o Futuro, e escolher o caminho a percorrer para lá chegar, preciso de entender o Passado, colocando perguntas claras e procurando respostas firmes, mesmo que doam: Por que aconteceu o 25 de Abril? Para quê? Que Futuro queria, queríamos, que fosse meu, que fosse nosso, um nosso onde eu me sentisse inteiro e livre? Que aconteceu nestes 41 anos? Que fiz, que fizemos, dos sonhos, anseios, esperanças, expectativas, afectos, que eram meus, nossos? Como, e porquê, chegámos a este Presente? Um Presente nosso, de facto, ou apenas emprestado? Ou mesmo imposto?
Nesta sequência de perguntas, cujas respostas não são fáceis, encontramos um primeiro, e enorme, desafio: Passado, Presente e Futuro co-existem, interagem, são interdependentes. Sem jogar com palavras, chamo Vida a esta profunda e inescapável relação.
Mas a mesma sequência de perguntas comporta, dentro de si, uma terrível armadilha: as palavras!
São elas que nos ensinam a entender o Passado. São elas que nos permitem analisar o Presente. São elas que nos ajudam a escolher os caminhos que devemos percorrer para construirmos o Futuro.
Mas são elas também que nos dividem.
Um exemplo: Igualdade.
Foi uma palavra-chave para que o 25 de Abril acontecesse. Foi uma palavra constante nas nossas bocas durante estes 41 anos, gritada e defendida como um Direito inalienável. Que é, irrecusavelmente.
Mas foi também uma palavra que o “outro lado de Abril”, o lado contra o qual Abril se fez, adulterou, e adultera, em seu proveito próprio: não é verdade que quem tem exercido, e exerce, o Poder, neste nosso País (não só), não se cansa de usar todos os meios e instrumentos a que possa deitar mão para, em nome dela, nos dividir?
E que faço eu, fazemos nós, para lutar contra este abuso se, ao fim de 41 anos, continuamos a confundir divergências com diferenças? Medo de que qualquer cedência represente uma traição aos Valores e Princípios que defendo, defendemos? Claro que sim, o que me obriga, nos obriga, a uma constante auto-crítica para continuar a caminhar de pé, inteiros e livres.
No entanto, será só esse medo?
Creio que não. Há um outro medo, aquele que está dentro de um desafio a meu ver determinante para chegar ao Futuro que anseio: o desafio de cumprir o Dever de reconhecer a Dignidade da Diferença.
O cumprimento deste Dever é exigentíssimo, e impõe-nos irmos ao fundo de nós mesmos, para encontrarmos respostas que defendam os Valores e Princípios que são os nossos, com a força necessária para derrotar “o outro lado de Abril”, que tem demonstrado, sobretudo nos últimos 30 anos, que, de facto, só tem, e só defende, interesses.
Cumprindo este Dever, ganharemos força para impor o Direito à Igualdade. E com isso defender a Liberdade como campo aberto onde cabem os Afectos, a Solidariedade, a Complementaridade e a Cooperação que definem a nossa Humanidade, rejeitando a competição e o domínio de uns (muito poucos) sobre os outros (a esmagadora maioria).
E seremos nós os autores, os protagonistas, na construção do nosso Futuro, recusando que quem quer que seja nos imponha a sua vontade, por mais “bem embrulhada” em palavras bonitas (a maior parte delas usurpadas de nós), ou em “cenários inevitáveis”, com que se apresente.
É tempo de um Povo com quase 900 anos de vida afirmar bem alto – para se ouvir cá dentro, e na Europa e no Mundo – que o seu Futuro só a si compete definir, escolher, construir























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