quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

MÃE


 
Andando nós em arrumações, a minha Filha descobriu esta minha escrevinhação, de 28 de Maio de 1978
      
Nasci-me de ti, Mulher
Num dia firme, de Luta
Em espantoso grito de Construção
Tão Vermelho como uma Seara
Mondada por Mãos
Daquelas que sabem de cor o caminho da Revolução.

Nasci-me de ti, Mulher
E era intenso o perfume azul das glicínias
Tão próximo do cheiro da terra molhada
Do meu país em Primavera
Construindo mão a mão
Todos os universos da Alegria!

Nasci-me de ti, Mulher
E da Coerência de um Homem
Que com mil espelhos loucamente gulosos nos olhos
Fez do Amor um Mar de Amar
Amando-te!

Nasci-me de ti, Mulher
E um dia lembrei-me de juntar palavras.

E juntei os cachos das glicínias azuis
Com a força transparente do Mar
E mais a terra molhada de Maio
Com o beijo ávido de dois Amantes
Mergulhados no trigo de uma seara Vermelha
As mãos erguidas para o Infinito
Agarrando o Sonho
No Supremo Orgasmo da Alegria
Do Amor Inteiro!
(E quanta Poesia não há, oh!
Quando lutamos de olhos firmes
Pela conquista da Revolução!)
A coerência da essência com a existência!
A construção do Ser!

E depois de ter ajuntado estas palavras
Olhei para elas e vi:
Tinham um denominador comum
MÃE!


         

             

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